Gente, hoje é um dia muito importante para o nosso blog! É o dia do nascimento do Monteiro Lobato (18/04/1882) e, por isso, em homenagem a ele, a data comemora o Dia Nacional do Livro Infantil desde 2002!
Bom, Monteiro Lobato não precisa de muitas apresentações, né? Vocês já devem ter lido muita coisa dele e talvez até assistido a alguma coisa na TV. Mas vamos falar dele mais um pouco mesmo assim, rsrs.
Olha só, hoje em dia nós já nos acostumamos à linguagem dos livros dele, que é coloquial, divertida, cheia de neologismos (palavras criadas pelo autor) e de brasileirices. Já faz muito tempo que esse tipo de registro foi incorporado à literatura, tanto que não percebemos mais isso como uma grande novidade, certo? Pois é, mas nem sempre foi assim.
Vamos voltar um pouco no tempo, para a década de 1920, época em que a vida era muito diferente. Pra vocês terem uma ideia, São Paulo ainda não tinha arranha-céus, os carros eram muito poucos, os bondes e os trens eram meios de transporte comuns, e a indústria apenas começava a se desenvolver. Ao mesmo tempo em que havia esses sinais de progresso (que eram superenormes para a época, mesmo que a TV e os desenhos animados ainda não existissem!), o Brasil era um país basicamente rural, dependente da produção cafeeira. Essa é uma ideia muito resumida do contexto em que se desenvolveu o movimento modernista brasileiro.
Os escritores ligados a esse movimento buscavam valorizar as coisas brasileiras e trazer para a literatura a maneira como o português era falado nas nossas cidades e no campo. O Monteiro Lobato estava diretamente ligado a esses artistas e, antes mesmo do grande evento de apresentação do Modernismo (que foi a Semana de Arte Moderna de 1922), já havia publicado A menina do narizinho arrebitado.
Muitos livros dele vieram depois, mas o legal é ver que ele participou intensamente, por meio dos livros para criança, da consolidação da linguagem informal, do folclore brasileiro e da cultura caipira na literatura. Foi uma revolução, porque as obras literárias naquele momento ainda tinham uma linguagem que deveria, obrigatoriamente, seguir a norma mais culta possível. O Lobato também acreditava que só as crianças poderiam “modernizar” o Brasil e que apenas elas possuíam o olhar criativo capaz de resolver problemas antigos do país, que ele considerava muito atrasado — e o autor pôs isso em prática na sua obra infantil.
Então, na próxima vez que você ler algum livro do universo do Sítio do Picapau Amarelo, preste atenção à maneira de escrever do Monteiro Lobato, em como ele conta as aventuras, e lembre que esse estilo já foi revolucionário e muito moderno, ainda que hoje pareça “comum”. Ah, o Lobato também não gostava nada das traduções de clássicos infantis que havia no Brasil, então ele mesmo traduziu muita coisa, como: Aventuras de Alice no País das Maravilhas, Pinocchio, Robinson Crusoé e Mowgli, o menino lobo.
E aí, que tal dar uma passadinha na biblioteca do colégio e emprestar algum livro do Monteiro Lobato, hein? Tem muitos, muitos mesmo! Aproveita que hoje o dia é uma homenagem a ele!
*Ilustrações clássicas do Sítio do Picapau Amarelo, feitas pelo desenhista Manoel Victor Filho