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Paula Lima

Letras de carvão: a liberdade da leitura

Atualizado: 25 de out. de 2019


Olá, pessoal, tudo bem?

Nosso blog andou meio fora do ar no último mês, mas voltamos pra contar uma novidade e, claro, conversar sobre um livro!

Bom, a novidade é que já estamos empacotando tudo aqui na biblioteca do colégio porque a reforma vai começar! Durante as férias, vamos ganhar um ambiente muito maior e todo integrado que, além de biblioteca, espaço de leitura e de contação de histórias, vai ser um centro de tecnologia e aprendizado autônomo, cheio de possibilidades para os professores e, principalmente, para os alunos. Ó algumas imagens pra vocês terem uma ideia de como vai ser:

Demais, né? Estamos animados!

Mas agora vamos falar do nosso livro dessa semana, que se chama Letras de carvão, da autora colombiana Irene Vasco, publicado pela editora Pulo do Gato. Ele traz uma história dentro de outra história: a narradora é a mãe de um menino, que conta como aprendeu a ler quando era criança no povoado colombiano de Palenque (“quilombo”, em português). Lá, uma das únicas pessoas que sabia ler era o senhor Veloso, dono da mercearia. Ela diz que as letras estavam por toda parte, mas ninguém compreendia o que elas queriam dizer.


Então, fascinada pelas cartas que sua irmã mais velha recebia, mas não conseguia entender, ela resolve aprender a ler com o senhor Veloso. Aos poucos, começa a reconhecer as letras e também a ensiná-las para os irmãos e os vizinhos, escrevendo palavras no chão com carvão. No final daquele ano, a menina ganhou de Natal seu primeiro livro de contos, que passou a ler para as outras pessoas da cidadezinha.

A história foi baseada na experiência de mulheres de comunidades quilombolas da Colômbia, onde as regras e a cultura eram transmitidas de maneira oral, por meio de narrativas e cantigas, até bem pouco tempo atrás. A autora, Irene Vasco, explica que ler e escrever eram atividades que não chegavam aos grupos rurais afrodescendentes que, desde a colonização, sempre foram desatendidos em todos os sentidos, principalmente na questão da educação. Para as mulheres, a situação era ainda mais difícil.

Assim, durante oficinas que ministrava para mães em povoados do litoral do Oceano Pacífico, onde a população negra é predominante, Irene começou a anotar suas histórias, que serviram de inspiração para o livro. “Percebi que sempre havia uma referência comum em todas as regiões: o giz de carvão. Pais, irmãos mais velhos ou pessoas próximas da família desenhavam letras e números nas paredes, no chão ou em qualquer parte, mesmo que não soubessem ler”, conta a autora.

E vocês sabiam que a situação das comunidades quilombolas aqui no Brasil têm muita semelhança com as da Colômbia? O acesso à educação e à infraestrutura básica de moradia e saúde ainda permanece muito precário, infelizmente. Aqui na nossa região, em Salto de Pirapora, a comunidade do Cafundó é um quilombo que, depois de muito tempo, conseguiu a posse de suas terras em 2015.

Ainda sobre esse assunto, por conta do Dia Nacional da Consciência Negra, o Sesc Sorocaba está com o projeto “Iorubrá - Quilombo: cultura, território e resistência”, que apresenta questões das populações quilombolas no Estado de São Paulo, assim como suas manifestações, patrimônios culturais e saberes tradicionais. Vale dar uma passada lá pra ver o que vai rolar, né?

Bom, por hoje é só, pessoal! Até a próxima e boa leitura pra vocês :)

Livro: Letras de carvão

Autora: Irene Vasco

Ilustrador: Juan Palomino

Editora: Pulo do Gato

Páginas: 36

Ano: 2016


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