Se existe uma coisa que é fácil de fazer nessa vida, essa coisa é gostar do espetáculo Crianceiras, não é? A poesia do Manoel de Barros é apaixonante, a música do Márcio de Camillo é contagiante, as iluminuras da Martha Barros são lindas, as coreografias são envolventes, os efeitos digitais do show são divertidos… não tem erro! A princípio é uma produção cultural para crianças, mas nós aqui achamos que é difícil de resistir em qualquer idade.
Pois é, no último dia 22 de maio, o grupo esteve no Teatro Municipal Teotônio Vilella para uma apresentação para os alunos do Infantil aqui do Colégio. Como esperado, foi emocionante e muito animado! O show coincidiu com a exposição do Infantil 5 aqui no Espaço Cultural sobre o Crianceiras - Manoel de Barros.
Mas como esse trabalho das crianças começou?
Segundo a coordenadora do Infantil do Uirapuru, Gabriela Plens, quando teve acesso ao CD produzido pelo Márcio de Camillo, “foi amor à primeira ouvida. É um produto inteligente, de uma sensibilidade tamanha, que alimenta a alma”.
Então, começando pelo Infantil 5, as professoras primeiro fazem um trabalho só de apreciação das músicas e da poesia, conversando com as crianças sobre a letra e sobre o que sentem quando se dá esse contato. Elas conhecem palavras novas, como arrebol, e discutem o significado de imagens como a do “caranguejo se-achante”, se envolvendo muitas vezes com a ausência de significado e com as emoções que a música-poesia desperta.
“Eu gosto muito da ideia de que a criança lê com os ouvidos: os ouvidos vão aprendendo a estrutura do texto, a pensar sobre aquilo, a organizar as ideias, então, mesmo que não leiam com os olhos, desde muito pequenas, elas leem com os ouvidos, pela leitura da professora”, contextualiza Gabi. Ela diz que a ideia nunca foi pedagogizar a obra, mas permitir que as crianças sentissem a poesia, que os ouvidos ficassem mais apurados. “Gostaríamos que se aproximassem da poesia como uma construção que vem da alma, cheia de significados, e que vai ter um sentido diferente para cada um.”
O passo seguinte é o contato com as iluminuras da filha de Manoel de Barros, Martha. As crianças se debruçam sobre as ilustrações, que têm um traço com características de infância, e descobrem que foram feitas por uma pessoa adulta. Então, são convidadas a fazer as suas próprias iluminuras, representando graficamente o que as músicas significam para elas. Os materiais testados para essa produção foram aquarela, lápis aquarela, anilina e cola.
Então, fazem uma pesquisa em três frentes: primeiro sobre o Manoel de Barros - onde morava, como é a região Centro-Oeste, as comidas típicas de lá, conhecem outras poesias dele -, depois sobre a Martha Barros - sua vida e obra - e, finalmente, sobre o Márcio de Camillo - como ele chegou ao poeta e como foi o trabalho de criação das músicas enquanto ele ainda era vivo.
Depois de tudo isso, é proposta essa exposição tão linda com o percurso das crianças!
Infantil 4 e Mário Quintana
Depois de dois anos de trabalho do Infantil 5 com Manoel de Barros, começou a aproximação do Infantil 4 com a poesia musicada do Mário Quintana, obra posterior de Márcio de Camillo. "Era totalmente diferente e perfeito para o Infantil 4, por ser mais palpável, mais próximo do entendimento das crianças. A ideia também é pensar sobre os sentimentos, que estão tão presentes no CD: alegria, medo, tristeza, ansiedade. Eu queria que as crianças pensassem sobre as suas emoções, ressignificando os sentimentos, ajudando-as a compreender a si mesmas", explica Gabriela.
Como no trabalho com o poeta pantaneiro, primeiro as crianças fizeram uma leitura de apreciação das poesias do Mário Quintana, para depois conhecer o CD e as poesias musicadas, e, finalmente, o Márcio de Camillo. As crianças escolhem, então, algumas poesias para representar em telas, transparências, tecidos, rendas etc.
O resultado final foi esse aqui:
*Imagens e vídeos do Colégio: Lorena Bueno
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