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Foto do escritorGabriela Traversim

Quando a curiosidade transforma a vida

A natureza sempre encontra uma forma de florescer, independente das situações adversas. É claro que com cuidados e dedicações, pequenas flores podem se transformar em imensas florestas. O texto de hoje fala sobre um livro muito bonito e delicado que nos mostra a imensidão de possibilidades que a natureza nos oferece, mesmo nas adversidades.

Plantas nascendo na parede de um prédio.. Disponível em: https://www.pensamentoverde.com.br/meio-ambiente/imagens-revelam-luta-da-natureza-por-sobrevivencia-em-meio-civilizacao/


Em um dia de divagações, Liam o personagem principal da história de hoje, encontra uma antiga estrada de ferro abandonada. Liam sempre fora muito curioso e, ao explorar o ambiente, percebe que a estrada de ferro estava abandonada havia muitos anos.

Curioso que só, Liam decidiu explorar aquele ambiente hostil e se espantou quando encontrou vida por ali: um canteiro brotava no meio da imensidão cinza e chumbo. Mas por muito pouco as plantas não haviam morrido, por algum motivo desconhecido, a natureza se esforçava em se manter presente naquele ambiente e Liam decidiu ajudar aquele pequeno pedacinho de verde a se manter vivo.

Como qualquer jardineiro inexperiente, Liam precisou de muitas tentativas para alcançar seus objetivos, mas aos poucos ele começou a se sentir como um verdadeiro cultivador cuidando de suas plantas. Conforme o tempo foi passando, o jardim ganhou forças e tomou conta do espaço da ferrovia. O trabalho de Liam estava ganhando forma e o que antes era uma vastidão de prédios, concreto, trilhos e ferragens, estava ficando verde como as gramíneas e os musgos, azuis como hortênsias e lilases como lavandas. O branco das margaridas começou a surgir, o vermelho arroxeado dos hibiscos apareceu no horizonte e os diferentes perfumes começaram a se misturar em uma fragrância única.


Esta narrativa é a história do livro “O jardim curioso”, escrito e ilustrado por Peter Brown. Neste livro, Liam nos mostra como a perseverança e a dedicação para alcançar nossos objetivos podem resultar em uma colheita esplendorosa. As ilustrações feitas pelo autor mostram que as plantas cultivadas pelo menino encontram as maneiras mais inusitadas de viver, se embrenhando em carros abandonados, nascendo entre frestas das paredes ou de janelas quebradas, muito parecido com o que acontece na vida: a natureza sempre encontra um jeito de florescer.

Liam também aprende com as dificuldades: com a inexperiência, com o inverno que chega naturalmente e acaba atrapalhando o cultivo das flores, até mesmo o crescimento desenfreado que acaba resultando em plantas em lugares inesperados, mas isso não o abala e o que mais o surpreende é o florescer de outros jardineiros que chegam para ajudá-lo.

A população da cidade é contagiada pelos feitos de Liam e os moradores o ajudam nessa empreitada, trazendo cada um, um pouco de experiência e sabedoria. Assim, a floresta urbana começa a se expandir cada vez mais.


High Line, Manhattan. Disponível em:https://en.wikipedia.org/wiki/High_Line


Esta é uma história lindíssima, com um significado mais belo ainda: ela foi inspirada na High Line, em Manhattan, uma velha ferrovia elevada que foi ocupada por flores silvestres e pequenas árvores. O próprio autor escreve, no final do livro, a seguinte frase:

“Desde o capim que irrompe através das fendas de uma calçada, ou a mudinha de arnica agarrada a um muro de tijolo, até uma relva serpenteando ao longo de uma ferrovia abandonada, a natureza pode se manifestar nos lugares mais improváveis.

Tudo isso me fez ficar curioso: o que aconteceria se uma cidade inteira realmente resolvesse cooperar com a natureza? Como a cidade se transformaria? Como tudo começaria?”






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